Olá, pessoal! Como vão? Eu espero que bem!
Mais uma vez trazendo uma postagem que eu só faço quando quero realmente hablar sobre algum assunto, na maioria das vezes acaba sendo polêmico. Só que dessa vez foi uma coisa que levantou um pouco, mas foi pela criatividade.
Na última semana, a cantora Manu Gavassi lançou um curta intitulado "Programa de Proteção à Carreira Artista", em que ela faz uma sátira a indústria musical, trazendo todo o sarcasmo e ironia que a gente já sabia que ela tinha desde o BBB 20 - que foi onde tive mais "contato" com ela.
Confesso que assisti o vídeo por pura curiosidade e simplesmente a minha cabeça explodiu de formas que eu não esperava. Sei que especificamente ela fala da área que ela faz parte, mas nossa dá muito para relacionar com praticamente todas as áreas artísticas. Eu, por exemplo, consegui enxergar muita coisa que acontece no meio autoral, pelo que eu acaba acompanhando e é justamente sobre isso que eu quero comentar.
Acabei tendo que reassistir para poder anotar tudo o que eu acabei percebendo. Então, vamos lá!
A primeira coisa que pega é quando se comenta sobre o fato de ter que envolver alguma polêmica para dar uma engajada e ajudar os futuros lançamentos, que é o que ela cita. E quantas histórias de autores que se envolveram em polêmicas - algumas que até citei por aqui no blog - e tiveram mais leituras por causa disso... Ou só foram cancelados mesmo.
Alias, como todo o meio autoral é viver pisando em ovos o tempo todo. Porque eu confesso que gostaria muito de explorar certas temáticas nas minhas histórias, como aquela coisa da experimentação que gosto muito de fazer, mas sempre rola o medo do cancelamento iminente.
Isso sem contar da quantidade de caixas em que somos jogados o tempo todo, ainda mais como autora independente - tudo bem que tenho minha editora, mas ainda me sinto dentro deste mercado. É ótimo ver muitos autores LGBTQIAP+ e racializados, mas eu tenho a impressão que existe um mercado fechado e eles são lidos não pelo que escrevem, mas sim porque estão nessa tal caixinha.
Muitas coisas que vejo rolando, principalmente no twitter, acabo guardando para mim, pois sinto que eu sou a errada na situação sabe? Eu que estou sendo chata!
Só vou citar uma e que me incomoda muito.... Algumas capas de livros desenhadas com os desenhos mais desproporcionais e muitos até mal acabados... Que dá uma característica muito amadora ao trabalho do autor! (Gente, a capa é uma coisa importante do livro, ele é a primeira coisa que aparece.)
E nem vou citar todas as vezes em que claramente eu percebo as panelinhas e que são sempre as mesmas pessoas que se apoiam e obviamente, eu não faço parte disso.
Como essa porcaria de mercador acaba nos limitando como artistas num geral, dentre as nossas produções e também o nosso comportamento num geral. Isso fica ainda mais escancarado se tratando de redes sociais.
Hoje em dia todo o autor tem que ser um pouco influencer para divulgar os próprios livros. Ficamos também reféns de algumas temáticas de histórias que estão mais em evidência e quem nada contra essa corrente, claramente acaba ficando para trás.
E toda a pressão que rola para sempre estarmos lançando alguma coisa nova, pois quem não tem coisa nova acaba ficando esquecido. Com certeza, muitos autores se pressionam a produzir mais por conta disso, chegando a lançar um novo livro todo mês.
Na minha visão, dessa forma, a coisa acaba sendo mais mecânica e perde todo o lado artístico e que eu acho que demanda muito mais tempo.
Com tudo isso, acaba acontecendo de muitos livros não terem "alma", assim como acontece com outras mídias. (Essa parte poder ser um pouco de ignorância minha!)
Outra coisa relacionada com as caixinhas é que se o tal autor acaba conquistando sucesso com um certo gênero, fica meio que aquela obrigação de sempre escrever dentro deste mesmo, para não "perder o público". Sinceramente, tudo parece uma grande prisão e que a gente se sujeita para viver da nossa arte e do nosso sonho!
O livro acaba se tornando mais um produto em meio a tantos e só se destaca quem já algum bom engajamento, um bom público... Números melhores! Até o próprio autor faz parte da coisa de ser o produto!
Porém, o que mais me pegou no vídeo é sobre a vontade de desistir e o medo que paralisa.
Quantas vezes já não peguei pensando se tudo isso realmente valia a pena? Quantas as vezes não me vi parada por medo, medo do que estava produzindo não ser bom, não ter alma, não alcançar as pessoas?
Eu realmente me pergunto muitas vezes por que eu insisto nessa coisa de escrever livros, de ser autora, de querer viver disso. Eu poderia simplesmente ficar só com meu emprego CLT e viver a minha pacata vida na maior paz... Mas não! Essa coisa de ser artista é ver a vida de uma forma diferente e querer transparecer e transbordar isto de alguma forma, comigo é por contar histórias.
E eu sempre falo que eu não me sinto completa sem a escrita, ela faz parte de mim. Preciso colocar toda essa criatividade para fora de alguma forma.
Tem dia que rola esse desânimo, a vontade de simplesmente deixar para lá, fingir que nunca fiz isso porque eu só me frustro.
Só que por outro lado, eu penso: Se eu tiver mexido com uma pessoa, vai ter valido a pena. E eu sei que tem algumas poucas pessoas por ai que já sentiram mexidas e tocadas com minhas histórias. Eu continuo por elas e também por mim, porque senão eu vou é ficar maluca nesse mundo.
Eu sei que eu dei uma viajada, mas essa isso que eu queria falar, desabafar.
Vou deixar linkado o vídeo que serviu de gatilho aqui, para quem quiser assistir!
— poponze (@poponze) December 13, 2023
“Temos cerca de 20 pessoas para criar um conceito para você fingir que é uma artista que cria conceitos”. pic.twitter.com/BlAh5bgeae
Bem, pessoal, é isto!
Espero que tenham gostado da postagem e peço perdão pelo enorme devaneio aqui.
Mas, vocês concordam ou discordam do que eu falei? Comentem ai!
Até a próxima!
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