terça-feira, 27 de outubro de 2020

Ser sempre uma Super Agente

 

O ano era 2004, a escola já era nova desde o ano anterior.

Era uma outra eu naquela época, não quem sou hoje, talvez só na essência, mas era bem mais jovem, inocente e inexperiente.

Essa inocência custou-me a minha confiança e me deu saudade, saudade da época que era feliz e eu não sofria com pessoas olhando para mim e rindo de mim. Eu era só eu, com minhas amigas da escola.

Os olhos também sofreram, mas dessa vez foi um mal físico, um problema de vista que quase me reprovou naquele ano.

Mas aí, numa tarde, peguei um caderno velho - que hoje tá mais velho ainda - e comecei a história sobre três meninas e uma delas era eu, mas atualmente ela é só um personagem.

Podia ser infantil, ser bobo, mas fui eu quem escreveu. Foi meu primeiro livro.

O nome? As Super Agentes.

Escrevi a história. Talvez por saudade, talvez para encontrar força e apoio em alguma coisa, talvez só por ser divertido, como uma brincadeira.

Acho que eu nunca vou saber o real motivo. Mas, desde aquele momento me senti mais completa.

Só depois de alguns anos que eu notei isso e que percebi que era isso que queria fazer como profissão: dar vida a histórias, personagens, mundos; mas mais importante, poder entregar a mesma energia para quem lê essas coisas.

Eu encontrei um dom, eu me encontrei.

Muitas outras histórias vieram desde então, muitos outros lugares, personagens e aventuras. Porém, jamais me esquecerei dessas meninas que praticamente cresceram e amadureceram comigo, como pessoa e autora. Guardo um carinho muito especial por elas e sempre guardarei.

Uma vez Super Agente, sempre uma Super Agente.
 
(Texto escrito para a antologia Mulheres Reais: Encontro do Dom em 2019)
(Em homenagem a estar reescrevendo o livro atualmente.) 

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