sábado, 27 de agosto de 2022

Precisamos falar sobre... #33: Autora ter que "agradar" leitor; lidando com críticas

 
  
Olá, pessoal! Como vão? Eu espero que bem!
Cá estou eu trazendo mais uma postagem deste tipo, pois novamente senti a necessidade de falar sobre algum tema que é um cadinho polêmico e que pode causar controvérsia. Geralmente é um tema relacionado com meus livros ou minha carreira de autor, vocês já devem saber bem disso.
Enfim, vou primeiro dar contexto antes de falar do que quero falar.
Eu coloquei um dos meus livros - O Diário da Escrava Amada - gratuito no dia 1º de Agosto e tivemos mais de 800 downloads e algumas outras leituras por fora. E como sempre acabam chegando as avaliações depois disso.
Poucos dias depois de ter ficado com gratuito, recebi uma DM no meu insta de autora (@contosane) de uma menina que leu o livro e disse que foi ler o livro mesmo com o aviso de gatilhos e mesmo assim se incomodou com algumas coisas da história e resolveu pontuar. Mas, calma, ela falou super de boa e expressou de maneira bem construtiva o ponto dela.
Porém, no final, ela falou que imagina que eu não concorde com o que está exposto no livro e que eu deveria colocar um disclaimer sobre isto no começo. Algo como: Isso aqui é ficção e a autora não concorda com nenhum desses comportamentos.
E sinceramente, não fiquei com raiva, pois não era a primeira vez, tanto que é por isso que tenho o aviso de gatilho. (Só comentei com alguns amigos sobre a situação!)
Só que ai eu recaiu um questionamento da minha cabeça, pois é do meu tipo de personalidade - INTP - procurar algum sentido para os comportamentos das pessoas. Acompanhem a reflexão!
Por causa de situação de uma situação semelhante, de uma pessoa ter os gatilhos despertados - e que aconteceu de uma forma que quase me fez jogar o livro fora perto do lançamento em físico - que eu coloquei bem grande os avisos de gatilhos antes mesmo da sinopse do livro. Quando vou recomendar aviso para a pessoa er certo cuidado.
Eu tenho plena consciência de todas as temáticas que têm dentro do DEA e todas elas estão lá por um motivo, mas sei que não é algo tragável para todo mundo e tá tudo bem com isso.
Só que minha cabeça, se a pessoa tem gatilhos com essas coisas e já ter sinalizado - pela própria autora - por que ela mesmo assim vai lá e lê? E depois ainda vem comentar que teve gatilho? Ué, mas eu num avisei? E mesmo assim você foi ler por sua conta e risco?
E assim, pensemos com um pouco de lógica, acho que está mais do que claro que eu não concordo com nenhum dos temas abordados no livro, não acho que preciso colocar um disclaimer para isso também.
Confesso que os avisos de gatilhos são sim para eu me proteger um pouco de certas situações, como a que aconteceu da primeira vez. Para que as pessoas não venham e que se sentiram mal lendo o livro e do jeito que são as coisas hoje em dia na internet, tudo é motivo para cancelamento e isto pode ser um!
Conversei com outros colegas autores sobre este fato da gente tentar se munir, se proteger quando escrever obras com temáticas mais complexas e mais adultas.
E na boa, o que mais precisa fazer além de colocar aviso de gatilho ou de aviso de "não concordo com isso" para que os leitores não venham com trezentas pedras na mão depois da leitura e te dar duas estrelas no livro?
Eu sempre me pego pensando que falta, em parte, alguma interpretação de quem lê o DEA. Eu posso gravar um vídeo inteiro falando sobre detalhes que muitos dos leitores simplesmente deixam passar pois ficam presas em outras questões, ao contrário de prestar atenção aos personagens.
E a gente recai de novo sobre aquele questionamento: Será que a arte tem que se sempre confortável ou ela pode sim incomodar?
Makoto e Kazuko e todos os outros personagens do DEA são bastante complexos e repletos de nuances. A coisa que eles menos são personagens unidimensionais e que podem ser "avaliados" de forma simplista.
Claro que como autora tenho bastante consciência do que eu fiz com o livro e sim, sei que a temática não é delicada e não é para ser mesmo! E obviamente, eu não concordo com que coloquei no livro.
(E repito a mim mesma mentalmente: Se vocês conhecessem Ai no Kusabi - a obra que inspirou - vocês iam passar mal e ter uma síncope com a quantidade de gatilho que tem.)
Ou seja, a pessoa aqui já está acostumada a lidar com críticas deste tipo relacionadas ao DEA. 
E tudo isso me fez pensar em outra coisa: Como a gente vive essa época das pessoas encontrarem problemas com as obras?
Não no quesito do que faz ela ser ruim mesmo, mas parece que as pessoas já consomem algo procurando sobre o que vão reclamar. Não só com os gatilhos, mas com muitas outras coisas. É só ver como - especialmente no twitter - as coisas mal saem e as pessoas que já estão reclamando de tudo. (Vocês estão ouvindo isso da pessoa que mais reclama no universo.)
Sinceramente, que época chata para se viver! Um consumo excessivo e onde se começa a ver/ler alguma coisa já procurando o que criticar, o que não está perfeito, o que está fora da "conformidade", o que tem de problemático. Claro que devemos ter senso crítico com o que consumimos, mas não dessa forma exagerada igual acontece atualmente.
Enfim, eu devo estar apenas sendo chata, mas eu realmente ainda de só sentar e curtir a coisa e quando termino que vejo o que tem de ruim ou bom.
A única coisa que me cansa nisso tudo é que acaba se refletindo no universo literário. Ficamos pisando em ovos e observando cada mínimo passo que se dá, com medo das pessoas que já veem com tantas pedras nas mãos esperando um pequeno e único deslize só para te apedrejar.
É assim que eu me sinto!
Vou deixar, só para ilustrar, o tweet que me inspirou nesta postagem (e que deve virar vídeo depois).
E vocês? Concordam com o que falei? Já chegaram a pensar sobre isso? Comentem ai!
Até a próxima!


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