terça-feira, 7 de maio de 2019

Amigos até descer na estação


Tem pouco tempo que comecei a ter a vida de trabalhadora assalariada. Sou do tipo sortuda que não precisa encarar a lata de sardinha todos os dias, apenas três vezes na semana. Mas, mesmo assim que eu passo perrengue. Tem dia que a apenas o atrito dos corpos apertados me mantém segura dentro trem. E nem vamos entrar nos detalhes de que eu sou baixinha e algumas vezes até desisto de esticar o braço para segurar na barra.
Sabe, o trem o lugar é um lugar engraçado. Eu já sabia disso desde mais nova, quando pegava o trem de vez em nunca. A começar pelo carinhosamente apelidado "Shopping trem", porque realmente tem horários que vira uma verdadeira fera e tem de tudo mesmo.
Eu geralmente pegava com minha mãe e percebia, às vezes, que ela acabava conversando com algumas pessoas. No auge dos meus 16 anos, achava aquilo bem besta. Tipo, você nem conhece essas pessoas, porque está conversando com elas? Contando tua vida toda pra elas? Ou parte dela?
Só que ai vem o karma e a gente paga do pior jeito: se tornando aquilo que a gente mais odiava. Nesse caso, a pessoa que faz amizade no trem.
Só que amizade de trem é uma coisa engraçada. Ela só dura aquele tempo que a gente está no perrengue junto. Alias, ela só acontece nos horários de pico.
São aquelas conversas á toa. Sobre o dia, para onde você vai, onde você trabalha, o calor, o trem cheio. É só para passar o tempo. Melhor do que ficar olhando para o teto, ou, no meu caso, para as costas das pessoas e não ter mesmo nada de mais útil para fazer.
A gente desabafa enquanto se equilibra no meio do sacolejar do trem. Arruma amigos de trem, daqueles que vamos nos despedir quando chegarmos ao nosso destino e talvez nem nos esbarremos mais. São tantos rostos, tantos dias, tantos trens. É impossível que os encontremos novamente e bem, tá tudo bem com isso. São coisas da vida!

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