terça-feira, 17 de maio de 2022

Precisamos falar sobre... #31: Perrengues da vida de autora (Parte 2)

 
 
Olá, pessoal! Como vão? Eu espero que bem!
Cá estou hoje trazendo a segunda parte do "Precisamos falar sobre..." de algo que envolve a vida de autora nacional. Tivemos a primeira parte tem pouco tempo e vocês podem ler aqui.
E sempre bom a gente comentar desses perrengues, mas não para reclamar da vida - até porque que é autor já sabe dessas coisas - e sim para mostrar para quem é de fora que a vida de autora nacional não é só glamour. No meu caso, é um trabalho do caralho mesmo!
Agora são coisas que percebi mais recentemente nessa vida de autora.
Bora lá então para essa parte 2!
 

Custo de Produção Editorial

Esse eu já até fazia alguma ideia de que era caro, por conta de relatos de outros autores que conheço nessa vida afora. Mas, fui sentir como é pesado mesmo quando foi no meu bolso!
Lá em 2019, quando comecei no meu emprego e também fiz a campanha do catarse do DEA, que eu tive a certeza que produzir livros físicos não é fácil.
E você gasta com tudo praticamente, com a revisão, a diagramação, a montagem da capa, a impressão, a produção de brindes.
Com meus livros, eu até diminuo um pouco destes gastos, pois eu mesma posso fazer todas as etapas de produção do livro, ficando para pagar mesmo só a impressão.
Para os dois volumes do JV, fiz todas as etapas. Para o DEA, dei uma sorte do caramba e ganhei um sorteio com direito a montagem da capa e da diagramação do livro, mas por outro lado paguei a ilustração - que foi feita pelo meu irmão - e como não é um livro pequeno, encareceu bastante a impressão.
E para piorar, a pandemia aumentou muito o valor de tudo, inclusive do bendito papel que também usados nos livros. Ainda não cheguei a fazer algum livro com estes novos valores, mas com a nova remessa do JV1 que vou fazer, já estou sentido a facada antecipada.
Para autor independente, imagino que a média de tudo seja uns 4 ou 5 mil reais. Então, não é barato mesmo, tem que ter para investir ou fica só na Amazon mesmo, que é mais barato.
O que complica nessa história é que você colocar um valor final no livro, visando pelo menos um pequeno lucro e tem gente que reclama do valor ou não quer pagar.
Mas, essa questão fica para um parte 3 quem sabe!
Só dou uma dica aos leitores: pensem em tudo o que envolvido até o livro chegar a você antes de comentar do preço. (Se você não está disposto a pagar mesmo assim, ai é questão sua!)

Desvalorização da Família

Como se já não bastasse ser complicado conseguir espaço neste país que nos desvaloriza - que foi um dos temas da parte 1 - também tem a parte da família que não valoriza nosso trabalho como autor.
Se bem que é bem comum, especialmente comigo e no meu conhecimento de vida, que os pais não apoiem muito o que os filhos fazem. (Não só relacionado a escrita, mas a outros âmbitos.)
Meus pais, por exemplo, por anos não levaram a sério a minha vontade de ser escritora. Só achavam bonitinho por ser algo que faço desde criança, sempre viram como um dia distante.
Chega a ser irônico o que deveria ser o seu ponto de apoio, acaba por ser um dos pontos de dificuldade né?
Só foram levar mais sério lá por 2014, com a publicação do meu primeiro conto em antologia e a partir dai foi evoluindo, porque viram que era isso mesmo que eu queria. Porém, na minha percepção, o ponto de virada foi em 2019, quando fui na bienal com meus livros e com o estande (todos eles pagos com o dinheiro que ganhei trabalhando formalmente).
Ainda lembro alguns colegas autores comentando que a gente escreve para desconhecidos e não para a nossa família. Com os meus anos como autora publicada sei como essa frase é bastante verdadeira!
 

Ser Autora Influencer

Essa daqui comentei em algumas das lives que fiz junto com a amiga autora Lari Lourenço.
Creio que isto aconteça com todo mundo que tenha algum trabalho artístico ou queira vender algo via internet: nós temos que meio que ter um comportamento para que o bendito algoritmo entregue nossas publicações e possamos vender. (Acho que todo mundo hoje tenta vender algo na internet.)
Acho que todas as profissões hoje não é só fazer a sua parte e pronto, tem que divulgar também. Admito que essa parte sempre tentei fazer, mas nunca funcionou muito bem, mas continuo tentando.
Lá por 2012/2013, quando tinha só o tumblr do Contos Anê, fazia uns vídeos só por diversão e adorava isso. Mas, agora, como uma autora com uma carreira mais "consagrada" - ponham bastantes aspas aqui, faz favor - e mais séria - preciso me preocupar até um pouco com a minha imagem, por é ela que vende os meus livros também.
E na boa, ficar em rede social é bastante cansativo se você já é alguém, imagina sendo autor. Juntando toda a questão da desvalorização da literatura que comentei na postagem anterior, também tem as questões dos próprios algoritmos das redes sociais.
É muito cansativo ter que ficar pensando em postagens interessantes para fazer as divulgações e com o surgimento dos vídeos curtos, a coisa piorou ainda mais, porque haja criatividade para pensar em tanta coisa legal e diferente e mesmo assim não ter aquele retorno que a gente espera.
É só cansativo mesmo ficar rendida a isso tudo se quiser ter mais leitores, fazer isso e mesmo assim não atingir o objetivo! Ou quando você não tem que virar quase uma influencer de escrita para tentar algo diferente. 
Não julgo quem faz, sério mesmo, mas não é chato e cansativo? Esse tempo que poderíamos usar para estar escrevendo nossos livros, estudando sobre escrita e outras coisas está sendo gasto pensando em outras coisas.
 
Bem, pessoal, é isso!
Estes são alguns dos perrengues e situações que nós autores passamos nessa vida.
Autores que estão lendo aqui, se identificaram? Comentem ai!
Não vou prometer uma parte 3 por agora, mas quem sabe né?
Até a próxima!
 

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